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Fonte: PEGN

O primeiro emprego do carioca Eduardo D’Avila, 39 anos, foi na cozinha de um fast-food, aos 14 anos.

Naquela época, enquanto aprendia sobre o dia a dia em uma empresa de alimentação, ele já pensava como seria ter o seu próprio estabelecimento, criar seu próprio cardápio e receber seus clientes. Essa memória veio à mente do empreendedor quando ele inaugurou a primeira unidade da Empório do Galeto, em 2018. Hoje, são cinco unidades que rendem um faturamento anual de R$ 10 milhões.

Já adulto, D’Avila se formou e teve atuação executiva em algumas empresas, inclusive do ramo de alimentação e de franquias. No entanto, resolveu fazer uma aposta solo quando viu uma oportunidade. A opção por galetos se deu devido à uma memória afetiva. “Eu cresci na zona norte do Rio, e ia até as galeterias do centro da cidade com o meu pai [D’Avila perdeu o pai aos 15 anos de idade]. Nos sentávamos nos banquinhos de bar, porque era tudo muito simples, pedíamos nosso prato. Eu adorava aquele universo.”

Ele considera que tenha desenvolvido uma visão empreendedora ainda criança, quando entregava panfletos e vendia caixas de bombom nos semáforos do Rio de Janeiro, antes de ir trabalhar na cozinha do restaurante. “Não éramos paupérrimos, mas tínhamos muita dificuldade financeira em casa. Fui criado em um lar que sofreu muito com o desemprego, meu pai chegou a ficar sete meses sem trabalho. Cerca de 80% do que eu ganhava naquela época era para ajudar em casa.”

Enquanto foi executivo de franquias, ele chegou a ter duas lanchonetes franqueadas, mas o negócio acabou não indo para frente. “Eu não conseguia focar, estar à frente do negócio.” Em 2016, com conhecimento suficiente e capital, ele decidiu pedir as contas e arregaçar as mangas para realizar o próprio sonho.

Primeiro, ele entrou como sócio em outra operação, mas acabou percebendo que deveria empreender sozinho, se quisesse fazer do seu jeito. Em 2017, focou no projeto do que seria o Empório: contratou arquitetos e trabalhou na identidade visual, que remeteria às antigas galeterias do centro do Rio de Janeiro, mas que também deveria trazer algo de contemporâneo.

No cardápio, estão desde os famosos galetos, em várias combinações, até releituras de pratos populares, como a sobremesa pernambucana cartola, à base de banana e queijo. O próprio D’Avila assina parte do cardápio. “Procuramos não fazer nada muito rebuscado, somos um restaurante popular”. O tíquete médio gira em torno de R$ 38 a R$ 45.

Com ampla experiência no mercado de franquias, o empreendedor acredita que ainda não é o momento de trazer empreendedores franqueados para o negócio. Mais duas lojas devem ser inauguradas em breve sob gestão própria. “A tendência é que nos tornemos franqueadores no ano que vem. Já temos operação manualizada, o que facilita, mas estamos ajustando todos os processos para entender se o negócio é franqueável.” Hoje, todas as lojas estão em shopping centers.

Durante a pandemia, D’Avila conta que precisou recorrer à base de clientes que tinha e desenvolver combos, novos pratos e serviços para manter o faturamento. Além de criar mecanismos de divulgação do negócio. “Conseguimos não demitir ninguém e honrar os compromissos.” De acordo com ele, o patamar de vendas atual já é próximo ao de 2019.

Ele diz que a experiência da infância o motiva a se desdobrar para empregar e manter os empregos de seus funcionários. “Nossa primeira meta dentro da empresa foi de ter 100 funcionários e foi despertada por esse trauma que eu vivi.” Cada restaurante gera, em média, 30 empregos, e demanda um investimento inicial de R$ 800 mil para instalação.

A abertura de novas unidades em 2021 ajudou a dobrar o faturamento em relação a 2020. Ele acredita que com esse novo quórum, o crescimento seja de 50% em 2022, com um faturamento de R$ 15 milhões. “Temos tido um movimento cada vez melhor nas lojas.”

As novas operações também têm sido fundamentais para que D’Avila consiga segurar os repasses nos preços, ocasionados pela inflação: com mais lojas, ele tem tido maior poder de negociação com fornecedores. “Isso tem nos ajudado a manter o preço, na maior parte dos casos, e a qualidade, que para nós é o mais importante.”

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